Parlamento Europeu Aprova Relatório Que Prevê Corte de Net em Caso de Pirataria
by MKRsimpson
O director-geral da Associação Fonográfica Portuguesa, Eduardo Simões, considera esta aprovação é essencial para que a Comissão Europeia “se sinta confortável” para avançar com uma iniciativa legislativa sobre a matéria. E frisa que, “das soluções debatidas e que se conhecem, esta é a única capaz de travar o problema”.
O objectivo, explica Simões, é evitar que tenha de se recorrer a sanções penais. “A solução que já existe é pôr queixas-crime a torto e a direito e a máquina judicial não aguenta”, lamenta o director da AFP.
Considerando que, em Portugal, a indústria está perto de um “ponto de insustentabilidade”, o responsável argumenta ser “altura de os Governos agirem nesta área”, mesmo que este tipo de medida “não seja uma medida popular”.
Em finais do ano passado, quando a solução de corte de acesso estava em debate, o Ministério da Cultura português admitiu, em resposta a questões do PÚBLICO, que esta medida pudesse ser aplicada: “É natural que a medida do corte de acesso possa vir a ser tomada, depois de vários avisos ao utilizador, mediante decisão judicial”, afirmou então o ministério.
A Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), que tem feito lobby em favor de medidas deste tipo, também já se mostrou satisfeita com a aprovação. “O Parlamento Europeu reconheceu que os Governos não podem ficar impassíveis perante a ameaça” da pirataria digital, afirmou, em comunicado, a directora-geral da IFPI, Frances Moore.
A IFPI considera, contudo, necessário que a Comissão Europeia proponha agora aos Governos dos 27 que elaborem legislação de combate à infracção da propriedade intelectual nos meios digital e físico.
Opinião diferente tem a Quadrature du Net – um grupo de cidadãos de vários países europeus que defende o livre acesso à Internet – , para quem o documento representa um atentado à liberdade e privacidade aos cidadãos.
Este movimento apela mesmo aos utilizadores para protestarem e começarem uma campanha na Internet.
Lei Hadopi
Entretanto, já está em funcionamento em França o sistema previsto na lei Hadopi, que poderá levar à interdição de acesso à rede a quem faça repetidamente downloads ilegais. Os detentores de direitos de autor já estão a enviar dezenas de milhar de endereços de IP para os operadores de telecomunicações.
Estes operadores dispõem depois de oito dias para indicar nomes, moradas e contactos telefónicos associados a cada conta usada para descarregamentos ilegítimos.
Com a informação fornecida pelos operadores de comunicações, autores e editores vão poder notificar os donos das contas de acesso à Internet, sempre que detectem descarregamentos ilegais. No caso de os infractores ignorarem os avisos, os casos serão enviados para um juiz que pode aplicar multas ou decidir interditar o acesso à Internet. Uma versão inicial da lei previa o corte de acesso sem recurso a um tribunal. A medida, porém, acabou por ser declarada inconstitucional pelo Conselho Constitucional francês.
Fonte : Publico